Como 1 de dezembro foi o dia mundial de luta contra a Aids,
sempre procuro fazer algum post relacionando o blog com o tema. Infelizmente,
ainda não possuímos uma cura contra o vírus HIV e a melhor maneira de combatê-la ainda é a prevenção. Mas as medicações existentes
hoje fazem com que o portador tenha uma
boa qualidade de vida e conviva com o vírus, mas não necessariamente desenvolva
a doença. Para isso, são necessários
alguns cuidados, como a administração correta dos medicamentos e hábitos
saudáveis.
Como uma das manifestações mais evidentes do HIV é a perda
de massa magra e, no caso dos medicamentos, algumas pessoas apresentam
redistribuição anormal de gordura no corpo, algumas intervenções podem se
tornar úteis para evitar esses efeitos. Na suplementação, o beta-hidroxi beta-metilbutirato
(HMB), L-arginina e L-ornitina são substâncias usadas com segurança tanto em
pessoas saudáveis quanto soropositivas.
No estudo de Karsegard e colaboradores (2004), a
suplementação de ornitina melhorou todos os parâmetros de massa muscular e
imunológicos. Molfino e colaboradores (2013) demonstraram que a suplementação
de HMB melhora a recuperação de traumas musculares em pessoas saudáveis e
portadoras de doenças como HIV e câncer.
Rathmacher e colaboradores (2004) utilizaram a suplementação
de HMB, glutamina e arginina em pacientes soropositivos. E a suplementação foi
associada a melhoras no perfil emocional, hemácias, hemoglobina, hematócrito e
linfócitos, além de diminuição de fraqueza muscular. Os autores também concluíram
que a suplementação torna-se uma estratégia nutricional saudável e segura,
inclusive durante o uso de anti-retrovirais.
E, claro, não podemos deixar de lado a atividade física. Que
há tempos tem se mostrado uma grande aliada tanto na melhora da qualidade de
vida, parâmetros de massa e força muscular, desordens metabólicas e corporais
(lipodistrofia) quanto no restabelecimento do sistema imunológico em pacientes
soropositivos (Thöni et al, 2002; Lindegaard et al, 2008; Gomes-Neto, 2013).
Com isso vemos que, além dos anti-retrovirais, que
representaram um grande avanço no manejo de pacientes infectados pelo HIV, a
suplementação de aminoácidos específicos e a atividade física mostram ser grandes aliados para a melhora da qualidade de vida desses pacientes. E que a luta pela vida
com qualidade seja sempre objetivo de todos, sendo soropositivos ou não.
Referências:
Gomes-Neto
M, Conceição CS, Oliveira Carvalho V, Brites C. A systematic review of the
effects of different types of therapeutic exercise on physiologic and
functional measurements in patients with HIV/AIDS. Clinics (Sao Paulo).
2013;68(8):1157-67.
Lindegaard
B, Hansen T, Hvid T, van Hall G, Plomgaard P, Ditlevsen S, Gerstoft J, Pedersen
BK. The effect of strength and endurance training on insulin sensitivity and
fat distribution in human immunodeficiency virus-infected patients with
lipodystrophy. J Clin Endocrinol Metab. 2008 Oct;93(10):3860-9. Epub 2008 Jul
15.
Karsegard
VL, Raguso CA, Genton L, Hirschel B, Pichard C. L-ornithine alpha-ketoglutarate
in HIV infection: effects on muscle, gastrointestinal, and immune functions. Nutrition.
2004 Jun; 20(6):515-20.
Molfino A,
Gioia G, Rossi Fanelli F, Muscaritoli M. Beta-hydroxy-beta-methylbutyrate
supplementation in health and disease: a systematic review of randomized
trials. Amino Acids. 2013 Dec;45(6):1273-92. Epub 2013 Sep 22.
Rathmacher
JA, Nissen S, Panton L, Clark RH, Eubanks May P, Barber AE, D'Olimpio J,
Abumrad NN. Supplementation with a combination of
beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB), arginine, and glutamine is safe and
could improve hematological parameters. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2004
Mar-Apr;28(2):65-75.
Thöni GJ,
Fedou C, Brun JF, Fabre J, Renard E, Reynes J, Varray A, Mercier J. Reduction
of fat accumulation and lipid disorders by individualized light aerobic
training in human immunodeficiency virus infected patients with lipodystrophy
and/or dyslipidemia. Diabetes Metab. 2002 Nov;28(5):397-404.