Muito se fala sobre a
suplementação de melatonina para induzir o sono. Mas essa substância tem sido
tema de diversos assuntos na comunidade científica. Primeiramente, para quem
não sabe, vamos explicar o que é melatonina.
A melatonina é um hormônio
produzido pela glândula pineal a partir do aminoácido triptofano. A glândula
pineal participa como organizadora dos ritmos biológicos, como o ciclo
claro/escuro do ambiente. Por isso, a melatonina tem como função regular o
sono, pois num ambiente escuro seus níveis tendem a subir, provocando sono.
Mas não é no tema sono que
queria me centrar no texto de hoje, mas em outros bem interessantes. Muitos
dizem que não há consenso sobre sua suplementação na indução do sono, o que
seria de grande valia para indivíduos que utilizam medicamentos (como rivotril)
para esse fim. Porém, buscando estudos sobre a suplementação, pode-se encontrar
diversos benefícios.
Por exemplo, sendo a gordura
visceral um fator de risco para diversos processos inflamatórios, Ciortea et al.
(2011) encontraram uma diminuição dessa após 14 dias de suplementação em ratos,
além de menor proliferação de células no endométrio, prevenindo a formação de
células anormais (leia-se cancerígenas). Com relação aos efeitos de proteção, ainda temos o estudo de
Ochoa et al. (2011), em que a suplementação de melatonina diminuiu a inflamação
e o estresse oxidativo (formação de radicais livres) em nadadores após sessões
de treinamento intensas. Mrowicka et al.
(2010) encontraram maior atividade da superóxido dismutase (enzima antioxidante)
num período de 30 dias de suplementação.
Com relação a atividade física,
ainda se tem mais benefícios, como na manutenção do glicogênio hepático durante
atividades físicas intensas, inclusive em diabéticos (Bicer et al., 2011; Kaya et
al., 2010), além de atuar como um antioxidante do tecido nervoso, prevenindo
lesões induzidas pelo exercício (Ayaz, 2009).
O que realmente chama mais
atenção é esse suplemento ser vendido em quaisquer farmácias em praticamente
todos os países do mundo e a Anvisa não liberar sua comercialização no Brasil.
Será que nós estamos certos e todo o resto mundo errado? Ou há alguma indústria
poderosa apoiando essa atitude.
Convido-os também a leitura
desse texto bem interessante para fomentar a discussão.
Bons Treinos!
Biografia
Ayaz M, Okudan N. Effects of
melatonin supplementation on exercise-induced changes in conduction velocity
distributions. Methods Find Exp Clin Pharmacol. 2009 Apr;31(3):151-6.
Bicer M, Akil M, Avunduk MC, Kilic
M, Mogulkoc R, Baltaci AK. Interactive effects of melatonin, exercise and
diabetes on liver glycogen levels. Endokrynol Pol. 2011;62(3):252-6.
Ciortea R, Costin N, Braicu I,
Haragâş D, Hudacsko A, Bondor C, Mihu D, Mihu CM. Effect of melatonin on
intra-abdominal fat in correlation with endometrial proliferation in
ovariectomized rats. Anticancer Res. 2011 Aug;31(8):2637-43.
Kaya O, Kilic M, Celik I,
Baltaci AK, Mogulkoc R. Effect of melatonin supplementation on plasma glucose
and liver glycogen levels in rats subjected to acute swimming exercise. Pak J Pharm Sci. 2010 Jul;23(3):241-4.
Mrowicka M, Garncarek P, Miller
E, Kedziora J, Smigielski J, Malinowska K, Mrowicki J. Effect of melatonin on
activity of superoxide dismutase (CuZn-SOD) in erythrocytes of patients during
short- and long-term hypokinesis. Wiad Lek. 2010;63(1):3-9.
Ochoa JJ, Díaz-Castro J, Kajarabille
N, García C, Guisado IM, De Teresa C, Guisado R. Melatonin supplementation
ameliorates oxidative stress and inflammatory signaling induced by strenuous
exercise in adult human males. J Pineal
Res. 2011 Nov;51(4):373-80. doi: 10.1111/j.1600-079X.2011.00899.x. Epub 2011
May 26.