Nesse mês, no New England Journal of Medicine, um jornal científico de impacto internacional, foi publicado um artigo interessante que corrobora com alguns pontos de vista que eu e alguns profissionais que admiro sempre utilizamos como conduta em dietas de emagrecimento. Ou seja, dietas hiperprotéicas são eficientes para perda de gordura e não necessariamente representam grandes chances de ganho de peso pós-dieta de restrição (Larsen e colaboradores, 2010).
Para esse estudo, foram selecionados pacientes em oito países europeus num total de 773, porém 548 terminaram o estudo. Em 26 semanas com uma dieta de 800 Kcal, foram divididos os seguintes grupos: baixa proteína e carboidratos de baixo índice glicêmico, baixa proteína e alto índice glicêmico, alta proteína e baixo índice glicêmico, alta proteína e alto índice glicêmico e uma dieta tradicional como grupo controle.
Nota interessante de frisar é que o grupo que teve menos desistências foi o de alta proteína e baixo índice glicêmico.
A média de perda de peso foi de
Esses resultados trazem à tona conclusões interessantes de um estudo mais antigo (Shai e colaboradores, 2008), onde os autores se basearam na dieta do mediterrâneo, com muitas fibras e rica em gorduras monosaturadas. Os grupos foram divididos em: baixa gordura com restrição de calorias; dieta do mediterrâneo com restrição de calorias e dieta de baixo carboidrato sem restrição de calorias.
A perda de peso foi de
Ambos os estudos nos mostram o contrário do que muitos profissionais ainda relutam em adotar como conduta em dietas de emagrecimento. Aliada a exercícios físicos, a dieta hiperprotéica proporciona resultados muito interessantes na perda de massa magra. Como já escutei de alguns autores, nunca se propagou um terrorismo à gordura tão forte como hoje, porém a população nunca esteve tão obesa. É claro que aqui não estamos falando de frituras, gorduras saturadas e hidrogenadas, mas as chamadas gorduras “boas”, como as monoinsaturadas e poliinsaturadas. E também não estamos colocando toda a culpa nos carboidratos, mas sim naqueles consumidos por grande parte da população: açúcares e farináceos refinados, doces... Quando se fala em dietas de baixo índice glicêmico, por exemplo, fala-se de vegetais fibrosos, arroz integral, aveia.
Como visto, outro fator importante, além do emagrecimento por si, é a aderência ao tratamento e ao menor risco de ganho de peso. As proteínas, além de exigirem do organismo uma maior quantidade de energia para ser digerida, também provocam uma maior sensação de saciedade e diminuem aquela sensação de “passar fome” nas dietas tradicionais de restrição calórica.
Referências:
Larsen TM, Dalskov SM, van Baak M, Jebb SA, Papadaki A, Pfeiffer AF, Martinez JA, Handjieva-Darlenska T, Kunešová M, Pihlsgård M, Stender S, Holst C, Saris WH, Astrup A; Diets with high or low protein content and glycemic index for weight-loss maintenance. Diet, Obesity, and Genes (Diogenes) Project. N Engl J Med. 2010 Nov 25;363(22):2102-13.
Shai I, Schwarzfuchs D, Henkin Y, Shahar DR, Witkow S, Greenberg I, Golan R, Fraser D, Bolotin A, Vardi H, Tangi-Rozental O, Zuk-Ramot R, Sarusi B, Brickner D, Schwartz Z, Sheiner E, Marko R, Katorza E, Thiery J, Fiedler GM, Blüher M, Stumvoll M, Stampfer MJ; Dietary Intervention Randomized Controlled Trial (DIRECT) Group. Weight loss with a low-carbohydrate, Mediterranean, or low-fat diet. N Engl J Med. 2008 Jul 17;359(3):229-41.